O Calundu e a Panacéia: Machado de Assis, a Sátira Menipéia e a Tradição Luciânica

O CALUNDU E A PANACÉIA apresenta uma nova visão da obra de Machado de Assis, colocando-a dentro da tradição da sátira menipéia - ou, como propõe o Autor, dentro da tradição luciânica, que leva o nome do sírio helenizado Luciano de Samosata. Como demonstra este livro, tal tradição não se baseia na gargalhada da chalaça - tão bem caracteriza por Machado em seu diálogo "Teoria do Medalhão". Ao contrário, ela se baseia no riso sério-cômico, irônico e ambíguo do spoudogeloion, equidistante da gargalhada e das lágrimas, que crítica e desbanca qualquer forma de autoridade, inclusive a sua própria. Esse riso é uma denúncia de todas as sérias panacéias, de todas as falsas curas milagrosas que pretendam resolver de uma só vez todos os problemas da condição humana. Ele constitui, de fato, a única panacéia possível contra a melancolia, contra a "bílis negra" que torna a humanidade triste e hipocondríaca - ou seja, contra o calundu, a sua versão afro-brasileira sugerida pelo próprio Machado.